O espelho não fala mais comigo
Aliás, nem era meu
Meu amigo imaginário,
Deixei de imaginar, ele morreu.
O monstro que me espreitava no armário
Não passa de um "closet" bagunçado na escuridão
Do príncipe encantado, só me restou o cavalo branco
E a fada do dente não paga minha obturação.
Engulo, todo dia, o sapo que era pra eu beijar,
Minha mãe não me faz mais aquele bolo de abacaxi,
Meu primeiro amor, vi no vento se esfumaçar
O cavaleiro apaixonado nunca veio, da torre, me resgatar!
Não quero mais espetar o dedo e dormir cem anos,
Quero acordar mais fera do que bela
Porque o espelho é um farsante,
O amigo imaginário, um tolo que falava abobrinhas
E o monstro do armário, se ousar aparecer, há de ganhar muita pancada minha!
Porque hoje, o cavalo branco já conhece o chicote
E não abusa da sorte,
O sapo que engulo, só desce goela abaixo depois de bem mastigado, macerado, torturado
O primeiro amor? Inda bem que se foi feito fumaça,
Quero um homem e não uma carcaça.
Fiz do meu jeito e sou feliz,
Desmistifiquei a vida e estou aqui.
Cuspi na cara do inimigo,
E estou sempre de olho no amigo!
Hoje o olhar é mais duro
E a boca cerrada
Descobri, cresci, fortaleci:
Não há contos de fadas!
Aquele bolo de abacaxi
Cujo gosto inda tenho na boca
E a presença, real e concreta
da mãe,
Que não está mais aqui...
(Andreia Jacomelli)
2 comentários:
Uaaaau, delicia em dose dupla!
Adorei.
Um ótimo finalzinho de semana para você.
Beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com.br/
Oi Andreia, obrigada pelo imenso carinho.
Vim retribuir e vou te seguir também =)
Quanto ao post.. vê se é esse aqui:
http://acasinhadosmeussonhos.blogspot.com.br/2012/02/sanca-da-sala-me-ajudem.html
Beijos
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