Travessia

Ficou pasmo quando percebeu que sua tortuosa vida havia mudado. Agora era a vez da maturidade. 
As  atitudes irresponsáveis, ficaram no passado!
Realizou que não era um deus; vislumbrou sua pequenez e agora até respeitava os seus.
O  dinheiro já não mais ocupava o primeiro  lugar em  suas prioridades,  a  humildade tomava o lugar do orgulho - só podia ser coisa da idade - pensava.
Sentia-se  livre  de antigos fardos: preconceito, prepotência, impertinência, sarcasmo.
Entendia-se, neste momento, apenas mais um na multidão, destacando-se apenas, pelo esmero na boa ação.
Mas quando foi que tão contundente mudança ocorreu?
Deste tempo de travessia, muito pouco se lembrava. O que aconteceu?
A vida já não era a mesma, mas era mesmo vida e ele, nem de longe era o mesmo de ontem! Ontem?
A ponte. Sim, a ponte, o carro, a travessia...
O susto, o desespero, a dor, o sono...
O despertar, mais desespero e alma aleijada.
A escuridão, a ponte, a travessia e enfim, o alívio...
Da travessia se recordou: há longos anos havia partido.
O choro com lágrima sentida, o arrependimento genuíno, a consciência!
A consciência, a ponte, a travessia e o olhar no porvir: já era hora; não hora de partir. Era hora de voltar aqui!  


 

2 comentários:

MARILENE disse...

Lindo e expressivo texto!
Essas travessias podem ser imperceptíveis, mas seus resultados são gritantes.

Bjs.

Célia de Luca disse...

Boa noite Andreia! Sou Célia (Lya lukka) do blog: "Semeando poesias e plantando fantasias." Cheguei até seu blog atraves da Elaine Gaspareto, estou me familiarizando um pouco, mas achei esse texto lindo. Experimentamos muitas travessias ao logo da vida, penso que em preparação para a derradeira, né? Queira Deus que ao chegarmos nela possamos atravessá-la sem percausos e sem quedas. Boa semana bjs

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