O AMIGO OCULTO


É fim de ano! E para celebrar a vida vivida( ainda que, aos “trancos e barrancos” ), fazemos festas… Ah!… As festas de fim de ano: comilanças, “beberanças”, quilos a mais, roupa nova, muita chapinha no cabelo, presentes e mais presentes: p’ros filhos, sobrinhos, namaridos e namorantes, familiares em geral e amigos: declarados e ocultos…
Por falar nos ocultos, haja saco para as brincadeiras de “amigo oculto” (é claro que me refiro a sacos e mais sacos de presentes!). É amigo oculto em casa, amigo oculto na casa da sogra, amigo oculto no grupo da igreja e do terreiro, amigo oculto no trabalho e, se você for professor ou médico, é amigo oculto “nos trabalhos”. Ixe!
Se você é daquelas que participa de tudo, nunca perde nada, dizem, “sinceramente pelas costas”, que você se mete em tudo; que seu nome deveria ser “Aparecida”! E outros comentários mais…
Se você é do tipo recatado, dizem que é anti-social; não se entrosa, nunca participa de nada, “o metidão”!
O pior, digo, o melhor, é quando chega o esperado momento da festa. Maaas…antes você tem que passar pela prova do papelzinho: quando você mete a mão no saco e tira o papel com o nome do seu amigo(ou não).
Os mais dissimulados, SEMPRE saem pulando de alegria, dando até beijinhos no papel e ainda dizendo:”Não troco com ninguém!” (tá bom!…).
Os mais francos ou grosseiros, fazem uma cara de nojo e vão logo exclamando: “Putz! Alguém quer trocar comigo?!”
E, há aqueles que sabem que, sem os benefícioos da hipocrisia, este mundo não sobreviveria. Estes então, fazem uma cara “meio barro, meio tijolo” e com um sorriso amarelo, declaram: “Ah…esta pessoa é tão especial…” (vai saber se ela não tá te chamando de deficiente mental?!).
E, aos poucos, o grupo vai se dispersando, mas não sem antes passar pela lixeira do ambiente e jogar o papel picado em 356 pedaços!
No dia, é aquilo: cada um com seu “improviso decorado”, fala sobre a criatura que tirou (o pior é quando não há absolutamente “nádegas a declarar”!).
As brincadeiras “clichés” não podem faltar: descrever a criatura com características contrárias; completar a frase um do outro e, a pior delas: imitar o comportamento do fulano para que descubram quem é… (ah! esse mico eu não pago, não. Me recuso!).
Trocamos os presentes e, em cada grupo há um “retratista”, que é o mesmo todos os anos: o infeliz faz a dupla se abraçar com o presente na mão , dezenas de vezes, até ele achar que a foto saiu boa, afinal, é a sua reputação que está em jogo! Que duro de roer!
Tudo bem. Vencida esta provação, é hora de abrir os pacotes. Geralmente, todo mundo sai achando que deu algo muito superior ao que ganhou e aguarda o espalhamento do povo para se lamentar com outro fofoqueiro e dizer, entre os dentes, que no ano que vem não participa mais. Mas, em instantes volta ao estado de paralisia facial: só sorrisos!!!…
E assim, entre sorrisos e rosnados, enfrentamos bravamente as festas de amigo oculto. Sabemos que o “janeirão” está ai na porta: é IPVA, IPTU, “IPMT”, “IPKCT”, cheque, cartão, confusão!
Mas a gente aprende com a experiência? Que nada! Ano que vem a gente faz tudo de novo e com inexplicável e sincera alegria, afinal, amamos tudo issso e “somos brasileiros: não desistimos nunca”!
(Andréia Jacomelli)

Um comentário:

Beatriz Oliveira disse...

Que texto legal! Você tem toda razão, a gente tem mesmo memória curta! rs rs rs
Excelente abordagem!

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